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terça-feira, 12 de dezembro de 2023

A História de Santa Luzia por Nelcimá de Morais


 

O MARTÍRIO DE UMA VIRGEM

.

Vou falar de uma virgem

Que muita história deixou

História de vida e fé

De sofrimento e de dor

Conto orgulhosa e atenta

Tudo o que a moça passou.

 

Luzia foi uma jovem

Que através da humildade

Foi proclamar ao Deus vivo

Vivendo em castidade

Com amor pelos humildes

Praticando a caridade.

 

Essa moça, virgem, mártir

No mundo é venerada

Nasceu no século III

E desde lá cultuada

Na cidade Siracusa

Uma cidade paganada.

 

O mundo inteiro conhece

A história de Luzia

Viveu no sul da Itália

E todo mundo sabia

Do seu exemplo de fé

Do bem que a todos fazia.

 

De família nobre e rica

Que grande herança deixou

Foi órfã aos quatro anos

Muita educada ficou

Naquela comunidade

Paganismo dominou.

 

No meio do paganismo

A menina recebia

Educação primorosa

Daquele que transmitia

Belas lições de amor

E Luzia obedecia.

 

Vivendo com a sua gente

Luzia então percebeu

A distância separando

Seus irmãos e resolveu

Entregar a Deus o corpo

E o espírito puro seu.

 

Preferindo a castidade

Uma refletida opção,

Tão lúcida e espontânea,

Pra dedicar-se a oração,

Servir aos necessitados,

Vivendo à contemplação.

 

Jovem muito desejada

Que despertou a nobreza

Pelos bens materiais

Tão grande a sua riqueza

Seria uma noiva ideal

Mas preferiu a pobreza.

 

Concretizando sua fé

A virgem Luzia pediu

Uma cura pra sua mãe

E grande luz ela viu

No túmulo de Santa Águida

O milagre ali surgiu.

 

Depois do grande milagre

A sua mãe que queria

Seu casamento pagão

Agora não exigia

Respeitava convicção

Da jovem filha Luzia.

 

Seu dote bem desejado

A mãe Luzia pediu

Que a ela fosse dado

Porque Luzia preferiu

Distribuir com os pobres

E Luzia conseguiu.

 

A notícia se espalhou

E a virgem bem sabia

Perseguição e vingança,

Martírios a perseguia

O jovem, seu pretendente,

Esperança ainda nutria.

 

O jovem inconformado

Em ódio se transformou

Sua vontade de casar

Porque a paixão levou

Ao desejo de vingança

E a virgem denunciou.

 

Por vários crimes, Luzia

Ao poder denunciada

Não aceitou se casar

Por ser cristã confiada

Adorava um Deus estranho

E ensinamento pregava.

 

Pregavam os ensinamentos

De Jesus, o Salvador,

Contra aqueles poderosos

E dos humildes a favor

Em detrimento dos deuses

Nacionais, que horror!

 

Aí começou, então,

Caminho do sofrimento,

Do martírio e da sentença,

Também do seu julgamento

Luzia só testemunhava

E não se ouvia lamento.

 

Com a sua convicção

De jovem denunciada,

Porém segura de si

Ao tribunal foi levada

Sobre sua confirmação

A virgem foi perguntada.

 

O juiz que era pagão

Por sangue estava sedento

Julgar com severidade

O homem estava querendo

Pro imperador agradar

Aproveitando o momento.

 

No meio do interrogatório

Esse juiz ordenou

Sua adoração aos deuses

Nacionais, com amor

E o casamento aceitasse

Luzia não se intimidou.

 

Resposta firme e altiva

Ela dirigiu aos seus

Dizendo que não faria

―Adoro a um só Deus,

Prometi fidelidade,

Vou cumprir os votos meus.

 

O juiz ensandecido

Luzia ameaçava

Dando sequência ao processo

Ele a virgem intimidava

Com o seu imenso ódio

Que irado a torturava.

 

Ameaçada de estupro

Mas firme na decisão

Queria sempre ser casta

Pra sua santificação

Templo do espírito Santo

Era assim seu coração.

 

Luzia disse ao juiz:

―Meu Deus não vai me julgar

Se à força oferecer

Incensos para adorar

Aos ídolos, sem vontade

Para os homens agradar.

 

Foi dando provas de fé

Que a virgem confiou

Numa proteção divina

Ao juiz desafiou

Uma mensagem de Paulo

Pr’aquele homem citou.

 

O “Tudo posso Naquele

Naquele que fortalece”

Dito pela virgem Luzia

Pr’aquele homem parece

Causou ainda mais ira

O homem quase enlouquece.

 

O seu nobre pretendente

Que a tudo assistia

Fez uma outra tentativa

Para convencer Luzia

Dava outra oportunidade

Casar com ela queria.

 

Fez-lhe muitos elogios

Falou da convicção,

Enalteceu sua beleza,

E de anjo a sua feição,

Do seu olhar a pureza,

De fiel o coração.

 

A legenda popular

Narra a sua decisão

De arrancar os seus olhos

Pra oferecer ao então,

Jovem fidalgo e ao mundo

Causando admiração.

 

Contam ainda de outros olhos

Que em Luzia surgiram

Mais perfeitos e radiantes

No seu rosto todos viram

Que era Santa, acreditaram

E isso não omitiram.

 

A virgem foi resistindo

A investida jogada

Com sua superioridade

Que por Jesus foi lhe dada

Mas piche, azeite e resina

No seu corpo foi jogada.

 

Fizeram grande fogueira

Do seu corpo padecido

Subiram as labaredas

Mas Luzia, tenho lido,

Saiu ilesa da fúria

Daquele povo perdido.

 

Demonstrativo de fé

Dessa jovem sofredora

Que quando de olhos fechados

Era uma boa oradora

Chamava sempre por Deus

Da Palavra uma cumpridora.

 

O juiz com grande raiva

Ao seu soldado ordenou

A morte da virgem Santa

Que na história ficou

Atravessando uma espada

No seu pescoço, a matou.

 

Era 13 de dezembro

Do ano 303

Luzia deixava o mundo

E muita falta ela fez

Deixou como ensinamento

Exemplo de fé, altivez.

 

Na cidade Siracusa

Seu corpo foi sepultado

E para Constantinopla

Bem depois foi transportado

À Imperatriz Teodora

Esse corpo foi doado.

 

A virgem de quem eu falo

É a nossa Santa Luzia

Que belo exemplo de fé

Nessa donzela se via

Fazer homenagem a ela

Há muito tempo eu queria.

 

(Nelcimá de Morais)

postado por Dalinha Catunda

administradora do Cordel de Saia

dalinhaac@gmail.com

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