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segunda-feira, 19 de abril de 2010

A DONZELA QUE VIROU ÍNDIA

A Donzela que Virou Índia

*

Contam-me que certa vez,

Pras bandas do Ararendá

Um índio roubou Tereza

Pra com ela se casar.

A família ficou louca,

Acho que dormiu de touca,

Pra donzela se mandar.

*

De família conceituada

De um clã de tradição

A mocinha raptada,

Da família dos Mourão,

Mas dizem que na verdade,

Ela se foi por vontade

Seguindo seu coração

*

Família desesperada

A procura da donzela,

Polícia e até cachorro,

Colocaram atrás dela.

Era bem grande a tristeza,

E por causa da Tereza,

Acenderam até vela.

*

Pele branca olhos azuis

Tinha a donzela bonita

Tinha o cabelo loirinho

Usava laço de fita

Pelo índio apaixonada

Meteu o seu pé na estrada

Deixando a família aflita

*

Passou dia passou noite,

Passou mês e passou ano,

Tantas luas se passaram,

Então veio o desengano.

Ele comeu a donzela,

Cozida numa panela,

O povo estava falando.

*

Ele não era antropófago

Nem a comeu na gamela,

Foi na rede de tucum,

Que ele traçou a donzela,

E todo ano nova cria,

A ex-donzela paria

Sem ligar para esparrela.

*

Aquela cultura indígena,

A branca tomou para si.

Adorava o Deus Tupã

A sua lua era Jaci.

Achou por bem se despir,

Para seu corpo sentir

Os raios de Guaraci.

*

Sobe rio, desce rio,

Assim vivia Tereza

Agarrada ao jacumã,

A curtir a natureza

Era tanta a alegria,

Que ela contente sorria,

Usufruindo a riqueza.

*

O Conforto que ela tinha,

Na cidade, lá deixou

cama, chuveiro e penico,

Disso nunca reclamou.

As noites enluaradas,

De estrelas salpicadas,

Compensava o que largou.

*

Depois de muito tempo,

Um belo dia à tardinha,

Vestida de índia guerreira

Apareceu Terezinha

Dizendo ter se casado,

E tinha ali do seu lado,

Um monte de indiazinha.

*

Com uma flecha no ombro,

E na cabeça um cocar,

Assim desfilava a branca,

com penacho e com colar,

E nem mesmo Iracema,

A que de Alencar foi tema

Tantas penas soube usar.

*

Hoje vivendo na mata,

Numa aldeia, numa oca,

Aprendeu a se fartar

Entrando na mandioca

Rio a cima ela se joga

Em cima de uma piroga

Curtindo em sua maloca.

*

Cordel de Dalinha Catunda

Editado em 2007

dalinhaac@gmail.com

3 comentários:

  1. Musa de inspiração inesgotável, que nos impele a versejar:

    Dalinha, eu venho das terras,
    Onde canta o sabiá
    Lendo este seu poema
    Você só fez me lembrar
    Do nosso Gonçalves Dias
    E do canto do sabiá

    Beijo,
    Maria Rosário

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  2. com a índia Paraguaçu
    Eu comparei a Tereza
    Se existisse uma dúvida
    Hoje eu tenho a certeza
    Guardando a proporção
    Na dita comparação
    Eu vejo guala a nobreza

    Mas aqui com meus botões
    Eu fico me perguntando:
    Qual seria o tal segredo
    Que ela acabou decifrando
    Depois que o decifrou
    Achou tão bom que ficou
    Até hoje o explorando?
    rsrs
    Gonçalo Felipe
    26/04/10

    Obs: Dalinha, estes versos foram feitos pelo poeta cearense que vc conhece Gonçalo Felipe, porém como ele não conseguiu postar o comentário me pediu para fazer e a única solução foi eu mesma postar neste meu blog que nunca dou continuidade. Aproveito também para parabenizar-lhe pelo sucesso em seus blogs, tenho muito orgulho de ser sua amiga e conterrânea
    e também aproveito para convidar os amigos de Dalinha caso tenham orkut e quiserem saber sobre os indios tapuyas e funi ô do Santuário dos Pajés aqui em Brasilia é só me adcionar procurando por
    Tereza Mourão que lá encontrarão fotos e videos sobre as causas indigenas que abracei por ser eles nossos irmãos e primeiros habitantes desta terra chamada Brasil a nossa mãe terra.
    Indico também a visitar esta página onde tem um planfeto sobre a hidrelétrica de Belo Monte e o porque os ambientalistas e pessoas conscientes da preservação do meio ambiente não querem esta construção. É só clicar em

    https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=gmail&attid=0.1&thid=12825baa0a407ace&mt=application%2Fpdf&url=https%3A%2F%2Fmail.google.com%2Fmail%2F%3Fui%3D2%26ik%3D3258312fa8%26view%3Datt%26th%3D12825baa0a407ace%26attid%3D0.1%26disp%3Dattd%26realattid%3D0.1%26zw&sig=AHIEtbS32Ur_P_3dnsjsPnuS_G6gblszDw&pli=1

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  3. A indicação da pagina sobre os efeitos nocivos que a usina hidrelétrica e o governo Lula pode causar ao meio ambiente vcs encontrarão neste blog de Eraldo Paulino clicando em
    http://eraldopaulino.blogspot.com/2010/02/amazonia-pede-socorro-belo-monstro-se.html

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