Compareci representado o CORDEL DE SAIA ao lançamento do livro Heroínas Negras Brasileiras, em 15
cordéis, de Jarid Arraes. O evento foi realizado na Blooks Livraria do
Botafogo, no Rio de Janeiro, a partir das 19:30h. São 15 cordéis
O livro, uma edição de 176 páginas, ricamente
ilustradas, por Gabriela Pires, traz para a cena as mulheres negras que
marcaram a história e a cultura brasileira. Jarid Arraes chega com o pioneirismo de trazer
para a cena da história brasileira quinze mulheres negras que fizeram a
diferença num mundo em que o heroísmo sempre foi masculino e branco. A escolha
da literatura de cordel para veicular a saga das heroínas negras no Brasil
estabelece um elo com as primeiras autoras de literatura de cordel.
A mulher, no início do século XX, quando
os folhetos de cordel proliferaram no Nordeste, na ausência de jornais, rádios
e televisão, era descrita como: princesa – obediente e calada diante dos
valores paternos, da sociedade e da religião; mãe devotada, esposa exemplar -
àquela que protege o lar e filhos dos perigos, defensora da moralidade. O
contrário disso era descrito como perigos para a manutenção da estrutura
familiar. A mulher que se atrevesse a elaborar versos de cordel era vista como
em luta contra o diabo, a serpente e, isto como castigo por suas ações. Valia a
repetição da quadra popular abaixo:
“Menina que sabe muito
É menina atrapalhada,
Para ser mãe de família,
Saiba pouco, ou saiba nada.”
Uma das primeiras descobertas de mulher autora de cordel foi, em 1938,
Altino Alagoano, pseudônimo de Maria das Neves Batista Pimentel, filha do poeta
e editor Francisco das Chagas Batista, com o título O viulino do diabo ou o valor da honestidade.
[S.l.]: MEC/Pronascec Rural - SEC/Pb - UFPb - Funnape, 1981.48 p. Maria das
Neves Batista Pimentel como a heroína de sua história, também precisou
travestir-se de homem para que seu
folheto fosse aceito.
Texto: Rosário Pinto
Foto: Alvinéa Caniço
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