AS MULHERES
CORDELISTAS DO CARIRI
1
Para guiar os
meus passos
Eu peço licença
a musa
Que tem sido
camarada
Quando rogo não
recusa
E por ser
condescendente
Ilumina minha
mente
Que pede, mas
não abusa.
2
Eu sou Dalinha
Catunda
Sou poeta
popular
Minha mãe é poetisa
Sempre gostou de
rimar
O fio da
tradição
Eu peguei da sua
mão
Para meus versos
fiar.
3
Envolvida com os
versos
Cordelista me
tornei
Sabendo que esse
universo
Que admiro e
adentrei
O homem é
maioria
Porém a mulher
queria
Fazer parte
dessa grei.
4
Foi chegando de
mansinho
E firmando o
pensamento
Escrevendo seu
cordel
Com garra e
discernimento.
Não tardou a
demarcar
Nessa história
seu lugar
E seu
comprometimento.
5
Quando o homem
acordou
Viu que não era
esparrela
Sentiu a mulher
no todo
Não somente uma
costela
Viu o canto da
mulher
Que meteu sua
colher
Enfrentar
qualquer querela.
6
Hoje no Brasil
inteiro
Tem mulheres
cordelistas
Pois apesar do
machismo
Já somos muitas
nas listas
Confirmando
nosso traço
Ocupando mais
espaço
E tendo novas
conquistas.
7
E se o cordel
criou asas
A mulher junto
voou
No seio do
Cariri
Acolhida ele
encontrou
Nessa seleta
morada
A mulher
enamorada
Tal arte
revigorou.
8
A mulher do
Cariri
Tem postura no
cordel
Pesquisa e
conhecimento
Ela bota no
papel
Faz bonito no
presente
Sua garra é
evidente
E se reflete em
laurel.
9
Assim sendo resolvi
Fazer minha
louvação
A mulher
caririense
Que preserva a
tradição
E mostra sua
cultura
No cordel
literatura
Com afinco e
inspiração.
10
Deus queira que
eu não esqueça
De ninguém nesse
momento
Que me garanta
destreza
Na força do
pensamento
Que flua a
imaginação
Nessa minha
louvação
A quem tem
merecimento.
11
Temos Josenir
Lacerda
Boa guia e
referência
Muito zelosa
escrevendo
Demonstra sua
potência
Exigente no que
faz
Ler os seus
versos me apraz
Traz poesia e
ciência.
12
Bastinha Job fulgura
Com sua
sabedoria
Professora
cordelista
De grande
categoria
Generosa ao
repassar
Regras do bem
versejar
É mestra na
poesia
13
É Anilda
Figueiredo
Mulher com
disposição
Presidente da
ACC
E cordelista de
ação
Comanda com
energia
A distinta
Academia
Com carinho e
devoção.
14
Atuante
cordelista
Temos Rosário
Lustosa
Já falou de
“Padim Ciço”
Disso se sente
orgulhosa
Descreveu sobre
romeiro
Cem anos do
Juazeiro
Sua verve é
primorosa.
15
Fátima
Correia tem
No cordel sua
alegria
Esqueceu as
amarguras
Voltou-se pra
poesia
Escreveu novo
roteiro
Fez do verso
companheiro
Nele descobriu
magia.
16
Nezite
Alencar é forte
Em pesquisa e
tradição
Pesquisa cangaço
e festas
E faz com
satisfação
A cultura
nordestina
Hoje já virou rotina
Marcando sua
criação.
17
Lá no sítio
Romualdo
Nasceu a Mana
Cardoso
E também lá ela
vive
É um espaço
ditoso
Escreveu sobre
Gonzaga
Descrevendo
sobre a saga
Do sanfoneiro
famoso.
18
Williana
Brito Matos
Doce mulher do
cordel
Passa seu
conhecimento
Em versos para o
papel
Acendeu-me uma
centelha
Quando falou em
abelha
Que tem ferrão
mas dá mel.
19
Francy Freire nos seus versos
Escreveu sobre
Mandela
Um cordel
interessante
Com mensagem bem
singela
Registrando na
história
Que a luta não
foi inglória
O folheto assim
revela.
20
É Maria
Mirian Teles
Artista de
tradição
Além de escrever
cordel
É mestra em
atuação
Representando
nos dramas
Também
repassando as tramas
Dos velhos tempos
de então.
21
Lindicássia
Nascimento
Mulher com
disposição
Não atropela na rima
Não profana a
oração
Sabe bem
metrificar
Na hora de
versejar
Inda sobra
Inspiração.
22
E tem Ângela
Maria
Nessa bonita
jornada
Falou de mãe e
de filho
Da materna
caminhada
A filha de
mestre Bula
Qualidades
acumula
Para seguir
nessa estrada.
23
Lá pras bandas
de Barbalha
Vive Jacinta
Maria
É mais uma
cordelista
Que quem conhece
aprecia
Tem na sua
criação
Momentos de
evolução
Tem boa
biografia.
24
Francisca
Lima de Souza
Como França é
conhecida
No seu cordel registrou
Sua alegria perdida
Mesmo que chegue
a doer
Jamais deixa de
escrever
As desventuras
da vida.
25
Fanka Santos cordelista,
Também é
pesquisadora
E divulgando a
mulher
É mais do que
benfeitora
Mestra em
sociologia
DE VERSOS fez
roMARIA
Tendo a mulher
como autora.
26
Jarid Arraes tem história
Tem sangue de
cordelista
O seu pai é
Hamurabi
Filho de Abraão
Batista
E conhece esse
universo
Tem traquejo com
o verso
E bandeira
feminista.
27
Temos Antônia
Rodrigues,
A professora
Toinha,
Que vivendo em
Assaré
Junto a cultura
caminha
Ela é mais uma
mulher
Que sabe bem o
que quer
E com o cordel
se alinha.
28
Ela nasceu em
São Paulo
Mas no Cariri
viveu
E replena de
atitude
Fortes versos
concebeu
Salete Maria é quente
Defendendo o
diferente
Com garras que
Deus lhe deu.
29
A estrada
de Marcia Passos
Passa pelo
artesanato
Descamba para o
cordel
Com a arte ela
tem trato
Faz feia ficar
bonita
Nas letras de
sua escrita
Nas cenas de
cada ato.
30
Nas plagas do
Cariri
A cultura é
diferente
Nos eventos de
cordel
Sempre tem
mulher presente
A mulher tem
eira e beira
Lança até cordel
na feira
Sabe como juntar
gente.
31
Sei que o Cariri
abraça
Esta saga
feminina
Da mulher que é
cordelista
Da disposta
nordestina
Que ama sua
cultura
E por isso se
aventura
A cumprir a sua
sina.
32
Salve a mulher
cordelista
Salve o canto
popular
E salve a
caririense
Que conhece seu
lugar
E me abraçou no
seu eito
Concedendo-me o
direito
De com todas
versejar.
Fim
APRESENTAÇÃO
Mulheres
Cordelistas do Cariri
O Cariri é rica
região em aspectos vários, desde a natureza aos bens culturais. No âmbito da
Literatura de Cordel não é diferente, e nesse aspecto, as mulheres cordelistas
vem se destacando cada vez mais na nossa região. É esse tema que a poetisa
Dalinha Catunda aborda com maestria em seu mais recente título: “Mulheres
Cordelistas do Cariri”. Poetisa popular, declamadora, cordelista e dona de uma
maneira inconfundível de apresentar seus versos, Dalinha mostra sua sintonia
fina com o tema abordado e com o Cariri, região esta que a acolheu de braços
abertos e pela qual a poetisa nutre grande carinho. Neste feminino cordel, a
autora exalta as cordelistas caririenses, cada uma com suas peculiaridades no
fazer cordelístico. Com o coração cheio de orgulho, rendo minhas mais sinceras
homenagens e aplaudo de pé esse cordel cheio de garra, beleza e feminilidade.
Parabéns, Dalinha!
Lusyennir
Lacerda – poetisa e artesã.
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