HOMENAGEM
A BAIANA DE ACARAJÉ
1-DC
A
Iansã peço licença
Para
falar da Baiana
A
que sempre se engalana
Pra
fazer boa presença
E
levar a sua crença
Pra
rua e para o terreiro
Na
cabeça um tabuleiro
E
na caminhada a fé
Baiana
do acarajé
Patrimônio
Brasileiro.
2-RP
Acarajé? Iguaria!
Um bolinho de feijão
Bem vendido em profusão
Pelas ruas da Bahia
Dia e noite, noite e dia
Levados em tabuleiros
E vão deixando seus cheiros
Na passagem da Baiana
É de origem africana
E servido em terreiros.
3-DC
Segue-se um ritual
Tradição lá na Bahia
Na feitura da iguaria
Na receita original
Não é comida banal
É alimento sagrado
Que ao santo é ofertado
E na entrega da oferenda
A Baiana veste renda
Como manda o combinado.
4- RP
Bolinho de acarajé
Feito com camarão seco
Desfila por todo beco
Iguaria do Candomblé
Carrega sempre um axé
Na marca tem tradição
Ressaltado na canção
É da mulher um Ofício
Que sem qualquer sacrifício
Exercem essa função.
5-DC
As baianas atuantes
Com seus panos e colares
Chamam pra si os olhares
Com atraentes turbantes
Batas bem interessantes
Capricho na vestimenta
O interesse assim aumenta
Diante do oferecido
E o tabuleiro sortido
A freguesia alimenta.
6-RP
E no comércio ambulante
Negócio de pouca monta
Mas, é bom levar em conta.
Veio de terra distante.
Baiana segue adiante
É mulher que tudo enfrenta
Aqui ela representa
A viagem dos negreiros
Embarcados em veleiros
Numa viagem sangrenta.
7-DC
Hoje nas festas e feiras
Em festejo popular
Quem gosta vem se fartar
Na banca dessas guerreiras
Que trazem suas bandeiras
De geração a geração
Preservando a tradição
Deste fazer ancestral
Um Bem Imaterial
Cultural dessa nação.
8-RP
O traje dessa Baiana
Tem seda, tem fita e renda
Sustenta sua vivenda
E não é qualquer fulana
Dela a energia emana
Dos Saberes Culturais
Com a carga de seus ais
Percorre toda a cidade
Seguindo para a irmandade
Em busca dos ancestrais.
9-DC
Em sua concepção
Baiana do Acarajé
Mistura Ofício e Fé
E transforma em profissão
Trabalho e religião
É base do seu sustento
Da alma é alimento
Assim vai regendo a vida
No dia a dia da lida
Ganha empoderamento.
10-RP
Usa seu pano-da-costa
Tem no Livro dos Saberes
E também o dos Deveres
Representa uma proposta
Nele a Baiana recosta.
Pra melhor se apresentar
Do alaká tem que cuidar
Não pode ser enrolado
Mas pode ser bem bordado
Pra o Orixá agradar.
11- DC
Viva a mulher nordestina
Com o seu matriarcado
Que luta e acha mercado
E nessa saga agrestina
Vai delineando a sina
De quem sabe se manter
E cumprindo seu dever
Com a cara e a coragem
E jamais perde a viagem
Pois aprendeu a viver.
12-RP
Ela é bem respeitada
Como boa cozinheira
E na calçada a fileira
Para comprar a cocada
Tem da branca e da dourada
Entre os doces e o salgado
Vai deixando o seu recado
Sempre final do dia
Demonstra sua alegria
Apostando em seu legado.
13-DC
A luta não foi inglória
Não teve batalha em vão
A Baiana em ascensão
Hoje conta sua história
Salvaguardar a memória
Mais que obrigação é preito
E o IPHAN teve respeito
E acatou esse projeto
Que hoje já é concreto
O registro já foi feito.
14- RP
É
um dia especial
O
25 de novembro
Vi
escrito inda me lembro
Que
o IPHAN deu seu aval
Patrimônio
Nacional
Baiana
de Acarajé
Que
renovou sua fé
E
comemorou com canto
Em
homenagem ao santo
Em
ritos de candomblé.
15-DC
Eu fiz minha louvação
Nas páginas desse cordel
Tentei cumprir meu papel
Nas linhas dessa oração
Pesquisei com atenção
E de maneira profunda
Pra que meu verso difunda
Das Baianas a cultura
Aqui deixo a assinatura
Eu sou: Dalinha Catunda!
16-RP
Encerrando
este Tributo
minha
participação
Me
engajei de coração
Num
preceito absoluto
Fiz
valer cada minuto
Deste
momento distinto
Aqui
eu disse o que sinto
Sobre
a saga da Baiana
E
tudo que dela emana
E
assino: Rosário Pinto!
*
Fim
Apresentação
Ofício
das Baianas de Acarajé
O
Ofício das Baianas de Acarajé foi registrado como Patrimônio Cultural
Brasileiro pelo IPHAN no Livro dos Saberes em 2004. O Acarajé é uma iguaria de origem
africana, feito de feijão fradinho, cebola, sal e frito no azeite de dendê. O
Dia Nacional das Baianas de Acarajé tem como objetivo celebrar esse saber
tradicional da cultura afro-brasileira e as Baianas, como detentoras desse bem
imaterial registrado. Esse Cordel foi feito como uma homenagem para a data.
'Assessoria
de Patrimônio Imaterial
IPHAN-RJ'
Dalinha Catunda
dalinhaac@gmail.com
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