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sábado, 5 de setembro de 2020


 

GALOPANDO NO TEMPO
 Creusa Meira


Juntando pedaços de elos partidos

No tempo que passa em ritmo veloz

Eu sinto no peito, o aperto dos nós

Que se desenrolam a seguir, divididos

De um lado a saudade de tempos vividos

Do outro a esperança de logo encontrar

Um porto seguro e poder ancorar

Com o peso dos anos nos ombros, levando

Nos olhos, a luz do luar prateando

As ondas que quebram na beira do mar

 

 

 

Galopo pensando no tempo que passa,

Tão vertiginoso qual sopro do vento,

Que varre caminhos e até pensamento,

Deixando pra trás, nevoeiro, fumaça...

O sopro é o que traz um alento e abraça

A vida que segue traçando caminho.

O tempo é o relógio no redemoinho,

Dos dias, semanas, dos meses, dos anos

Passados, presentes, anelos e planos,

Que foram por certo, gerados no ninho.

 

Seguindo o caminho de curva fechada,

Um forte arrepio na espinha dorsal;

Na beira da mata, um estranho arsenal

De tocos, garranchos e pedra lascada,

Vedando o acesso, atrasam a jornada.

Cansaço medonho nesse galopar

São léguas à frente e o tempo a rolar

No despenhadeiro do dia que morre

Nos braços da noite, um pranto escorre 

Em gotas que banham a terra e o ar.

 

 

E quando amanhece o sol ilumina

A estrada de pedra que resta a seguir.

Sem olhar para trás, à frente, há porvir.

Na noite cinzenta, ficou a neblina,

No leito do rio de água cristalina,

O corpo tão frágil se banha sedento.

Erguendo o olhar ao azul firmamento,

Tentando alcançar a linha do horizonte

Que tece a beleza que nasce da fonte

E expressa a grandeza da força do vento

 *

Creusa Meira é uma das mulheres da vitrine do Cordel da Saia. Poeta como poucas. Seus versos além das regras são carregados de poesia.

Postagem de Dalinha Catunda

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