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quinta-feira, 7 de junho de 2018

PELEJAS VIRTUAIS


PELEJAS VIRTUAIS
A POETA AMARELOU E FUGIU SEM PELEJAR
1
Não era nem meia noite
Quando fui desafiada
Aceitei o desafio
Só porque fui provocada
Naquele mesmo momento
Fui catando argumento
Pra botar na empreitada.
2
Eu não me fiz de rogada
Com aquela intimação
O tom desafiador
Chamou bem minha atenção
A rima não era boa
Nem nos versos da pessoa
Tinha a metrificação.
3
Fui logo entrando em ação
Pra bater ou apanhar
Seguindo o seu compasso
Resolvi me apresentar
Caprichei em cada pé
Meus versos, mandei com fé.
Pra trama desenrolar.
4
Sua deixa vou pegar
Pra rimar com precisão
Sou Maria entre tantas
Cantando nesta nação
Vivendo nesse universo
Onde mulher que faz verso
Enfrenta a provocação.
5
Ela me falou então:
Eu encaro qualquer tema
Qualquer dia qualquer hora
Pelejar não é problema
Eu também sou nordestina
Sou da terra alencarina
Sou cordelista da gema.
6
Pois se é esse seu lema
Tire da boca a tramela
Que fico aqui esperando
Já que você me deu trela
Sou poeta de raiz
E sempre fico feliz
Quando pinta uma querela.
7
Sei que não sou cinderela
Porém posso me encantar
Já é quase meia noite
Sem a resposta chegar
Amanhã é novo dia
Basta chamar por Maria
Se vai querer me enfrentar.
8
Eu vi o rei sol brilhar
Vi o dia amanhecer
Procurei pela resposta
E nada de aparecer
Quando foi lá pra noitinha
Um verso acanhado tinha
Que me fez esmorecer.
9
Comecei a perceber
A triste situação
Esperei chuva de versos
Mas foi somente trovão
De versos só vi um trisco
Você pra mim foi chuvisco
Nem deu pra molhar meu chão.
10
De pronto pedi perdão
A musa que sempre inspira
Sosseguei minha cabeça
E mudei logo de mira
Não fujo da sabatina
Mas renego quem declina
Quem se arma e não atira.
11
Falo sem dizer mentira
Pois não sou de me gabar
Já pelejei com Bastinha
E botamos pra quebrar
No meio do argumento
Apareceu um jumento
Para a batalha animar.
12
E foi mesmo de lascar
O duelo do jumento
Uma peleja reimosa
Um picante enfrentamento
Quando chegou ao final
Da peleja virtual
Deu-se nosso entendimento.
13
Também nesse seguimento
Eu enfrentei Alba Helena
Uma mulher educada
Que para o cordel acena
Numa trama comedida
Conforme foi a pedida
Da tal trovadora em cena.
14
Confesso valeu a pena
Duelar com Josenir
Nós duas gostamos tanto
Chegamos a repetir
Em Barbalha e Juazeiro
Pelo Cariri inteiro
Já fomos nos exibir.
15
E com dona Josenir
Só não passamos bandeja
Chiquinha do Cariri
Ela é numa peleja
Eu sou Nanã de princesa
Personagem bem acesa
Que a cantoria corteja.
16
O nosso canto troveja
Nos dez de queixo caído
O povo aplaude sorrindo
Não tem um verso perdido
Na hora da cantoria,
É tão grande a euforia
Que o aplauso é repetido.
17
Ainda nesse sentido
Tem Fuxico de Mulher
Que fiz com Rosário Pinto
Não é um cordel qualquer
A disputa é engraçada
A briga virou piada
Como a fofoca requer.
18
Se mais você inda quer
É só prestar atenção
Desafiei Dideus Sales,
Também Ricardo Aragão,
E tive Fred Monteiro
Fazendo o maior Salseiro
Na hora da Preleção.
19
Inda nessa falação
De peleja virtual
“Me Lasquei com Chico Cunha”
É  cordel especial
Hélio Crisanto e Dalinha
Cantando na mesma Linha
Saiu até no Jornal.
20
E também tenho o aval
De um poeta arretado
Aceitei sua porfia
Ele que é de Brumado
Entramos numas refregas
Da Mulher e Suas Pregas
Saiu um bom resultado.
21
Um bardo nada acanhado
Pelejou comigo um dia
Mas antes de pelejar
Rezou pra Virgem Maria
Foi Aldemá de Morais
Porém não quis nunca mais
Me chamar pra cantoria.
22
E para minha alegria
Digo ao Brasil inteiro
Já pelejei com um vate
Chamado Luiz Monteiro
Ele lá na Barra Funda
E eu Dalinha Catunda
No meu Rio de Janeiro.
23
Chegaram ao estrangeiro
As pelejas virtuais
Tem pelejas em revistas
Temos cordéis em jornais
A mulher ganhou espaço
E também marca seu traço
Nestes tempos atuais.
24
Sem sofrimento sem ais
Quero que você entenda
Finalizei um cordel
Com arte fiz a emenda
Pontuando parcerias
E duelos de alegrias
Sem fugir duma contenda
Fim

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