A RINHA ENTRE DALINHA CATUNDA E
ANILDA FIGUEIRÊDO
1)
Dona Anilda anda sumida,
Mas não por vontade minha,
Poeta que faz bom verso
Nunca peleja sozinha,
Venha pelejar comigo,
Saia logo do castigo,
Vamos armar nossa rinha.
(Dalinha)
2)
Parabéns, cara Dalinha,
Nossa grande poetisa,
No verso você é craque,
Na rima é uma papisa,
E se pegar cabra frouxo,
Sei que vai dar um acocho,
Ou matar de uma pisa.
(Anilda)
3)
Amiga que improvisa
E que canta em meu louvor,
Se for pra bater, eu bato,
É pequeno o meu temor,
Basta oferecer o mote,
A língua vira chicote,
E tome chiqueirador!
(Dalinha)
4)
Neste sertão sofredor,
Não me escondo de ninguém,
Já dei surra em poeta,
Que rimava muito bem,
Você é boa poetisa,
Mas não troco de camisa
Pra lhe exemplar também.
(Anilda)
5)
Do jeito que você vem,
Tá querendo enfrentamento.
Se vier com desaforo,
Já sabe que não aguento,
Não vou lhe poupar da pisa,
Minha língua não alisa
Quem vem com atrevimento.
(Dalinha)
6)
Vem montada num jumento,
Eu vim no meu alazão,
Quando a gente se encontrar,
Venha estirando a mão,
Pois a minha palmatória
Vai mandar você pra glória,
Rezar com Frei Damião.
(Anilda)
7)
Quem chama aquilo alazão,
Não conhece pangaré.
Meu jumento não empaca,
Nele monto e boto fé,
Aproveite a palmatória
Para usar na trajetória,
Não pague promessa a pé.
(Dalinha)
8)
Deixe desse rapapé,
Eu conheço a sua fama,
Já vi você em Brasília,
Foi vestida num pijama,
Massageando gelol,
Procurando um urinol,
Debaixo da sua cama.
(Anilda)
9)
Anilda, não faça drama,
Pois não procurei penico,
A história do pijama
Foi ideia de jerico,
O seu era de florzinha,
O meu era de bolinha,
As duas pagaram mico.
(Dalinha)
10)
Sendo assim, eu calo o bico,
Para não dizer asneiras.
Eu falo do Cariri,
E você, de Ipueiras,
Pode até ficar legal,
Nosso cordel virtual
Pra lançar em nossas feiras.
11)
Sem perder as estribeiras,
Vou falar do meu sertão,
Da festa da padroeira,
A Virgem da Conceição,
Tem reza, tem ladainha,
No andor, a Mãe Rainha,
Bandinha na procissão.
(Dalinha)
12)
Pois aqui no meu torrão
Também temos padroeira,
Nossa Senhora da Penha,
A grande medianeira,
Tem altar na catedral,
Trazida de Portugal
Sua imagem de madeira.
(Anilda)
13)
Com sua flecha guerreira
Eu tenho em minha capela
O meu São Sebastião,
Imagem santa e tão bela,
Tonico, homem de fé,
Deu-me lá em Canindé,
São Francisco benzeu ela.
(Dalinha)
14)
Você tem sua capela,
Nós temos a Catedral,
A religiosidade
Daqui não tem outra igual,
Fazemos renovação,
E no mês de São João
Tem quadrilha informal.
(Anilda)
15)
Amiga, não leve a mal,
Inveja não tenho não,
Meu rincão tem tudo isso,
Mas além da devoção,
Lá eu me visto de chita,
Ponho meu laço de fita,
Rezo e danço no São João.
(Dalinha)
16)
Aqui, depois do São João,
Tem a Exposição do Crato,
Nós agregamos cultura,
Vem gente de fino trato,
Do Oiapoque ao Chuí,
Quem quiser se divertir
É só vir à Expocrato.
(Anilda)
17)
Posso mandar o retrato
Da passagem do Ano Novo,
A festa é uma beleza
E arrebata nosso povo,
Só mesmo em Copacabana
Vejo festa tão bacana,
Quando assisto me comovo.
(Dalinha)
18)
A cultura do meu povo,
Rica e diversificada,
Tem coco e maneiro-pau,
Tem reisado e embolada,
E a nossa Academia
Faz versos com maestria,
É bom que fique lembrada.
(Anilda)
19)
As motos pegam a estrada
E, aqui, fazem procissão,
É a moto-romaria,
Que se faz no meu sertão,
Todos vão pro relicário
De Fátima o santuário,
A fé virou tradição.
(Dalinha)
20)
Mas, além da devoção,
Resgatamos a cultura,
Temos bonecas de pano,
Artesanato em fartura,
O turismo está em alta,
No mês de julho não falta
Tapioca e rapadura.
(Anilda)
21)
Aqui tem literatura,
Tem encontro de cordel,
Todo ano em janeiro,
O cordelista fiel,
No Cantinho de Dalinha,
Declama e faz ladainha,
Representa seu papel.
(Dalinha)
22)
Tratando-se de cordel,
Temos todo um aparato,
A nossa literatura
Tem aqui o seu acato,
Com a mais bela poesia
Dos vates da Academia
Dos Cordelistas do Crato.
(Anilda)
23)
Foi por isso que fiz trato,
Pois sou dessa Academia.
O cordel é respeitado
Nessa nobre moradia,
E vou lhe dizer por certo:
Ah! Se eu morasse mais perto,
Aqui vinha todo dia.
(Dalinha)
24)
A sua cidadania
Encontrou respaldo aqui,
Na beleza dessas matas,
No canto da juriti.
Conte com nosso carinho
No berço do soldadinho,
Nas terras do Cariri.
(Anilda)
Dalinha Catunda cad. 25 da ABLC
dalinhaac@gmail.com
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