A Literatura de Dalinha Catunda: um Acordar de Conflitos
Letícia Isabelle Alexandre Filgueira
Maria de Lourdes Aragão Catunda nasceu em Ipueiras (Ceará), no dia 28 de outubro de 1952. Dalinha é poeta que desde cedo aprendeu a transformar seus sentimentos em versos e prosas, logo, conquistou espaço até então predominantemente masculino da Academia Brasileira de Literatura e Cordel (ABLC), além de ser sócia benemérita da Academia dos Cordelistas do Crato (ACC) e criadora do blog Cordel de Saia que agrega mulheres do cordel. Realiza um amplo trabalho de divulgação de Literatura de Cordel, em sites e blogs.
É declamadora de cordel, que para ela, é o canto de uma cearense que adora suas raízes, canto da mulher destemida que ao sair das entranhas nordestinas, abriu uma janela para cantar sobre sua aldeia para o mundo, para que outros poetas cordelistas desfrutem da melodia que suas vivências transmitem através da arte.
Em suas obras a autora trabalha temas relevantes, como machismo, violência contra a mulher, abuso de autoridade patriarcal etc., como por exemplo no poema “Mulher tem que ter peito”, onde Dalinha traz para a arte a realidade de muitas mulheres, expondo os diversos problemas da submissão errônea da mulher para com seu cônjuge e também o que a mulher deve fazer para se valorizar quando há em seu meio homens machistas. Dalinha também preza pela valorização da mulher na Literatura feminina, pois acredita que a mulher veio para preencher a lacuna que lhe cabia por direito na Literatura de cordel.
A poeta ao longo de suas obras recebeu muitas críticas por suas temáticas serem polêmicas, porém tais críticas só a fizeram crescer enquanto sujeito histórico que pensa, escreve e resiste através da arte literária. Em contraposição, também é muito elogiada por sua criatividade em seus textos e na forma como procura expor a realidade de muitas mulheres que não têm voz. Dalinha ainda ressalta que, “a mulher e questões feministas”, são os principais temas em seu trabalho.
A autora, em sua poética, expõe auto relato de suas origens, unificando sua vida à sua inserção histórica e sociocultural. Com temática sempre empoderada, Dalinha cria suas obras carregada de musicalidade, humor, sensibilidade e com rimas impecáveis. Com criatividade intensa, ao encontrar um tema qualquer, já inicia uma rima com estruturação de orações.
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