CONHECENDO NOSSOS POETAS
JOÃO FERREIRA DE LIMA nasceu, em São José do Egito (PE), em 1902. Além de poeta, foi astrólogo. Autor do mais célebre almanaque popular nordestino, o Almanaque de Pernambuco, lançado em 1936, Alcançando entre 1936 e 1972 uma tiragem de mais de 70.000 exemplares. Percorreu vários temas da poesia popular, privilegiando as Discussões e Pelejas, publicou Discussão de dois poetas, Antônio da Cruz com José Cajarana(*) e, Peleja de João Athayíde com João Lima, do qual temos conhecimento de duas edições: uma de Recife, 1921 e outra, de Juazeiro do Norte, Tipografia São Francisco, 1957. Também abordou os temas de malandragem e presepada, cuja obra mais conhecida é As palhaçadas de João Grilo, folheto de 8 páginas, em sextílhas que, em 1948, foi ampliada por João Martins de Athayde para 32 páginas, em setílhas, sob o título de Proezas de João Grilo. Outros poetas abordaram a temática de presepada, esperteza e astúcia como, Francisco Sales Arêda, em As palhaçadas de Pedro Malazartes; Leandro Gomes de Barros, em A vida de Cancão de Fogo e seu testamento; e, Manoel Camilo dos Santos, em O sabido sem estudos e As aventuras de Pedro Quengo. João Grilo adquiriu renome internacional quando representado na peça teatral O auto da compadecida, de Ariano Suassuna.
Uma vertente em particular a ser notada na obra de João Ferreira de Lima é a crítica e a sátira social, quando após responder a todas as adivinhas propostas pelo Rei, que lhe concederia o benefício de instalar-se no castelo, João Grilo impõe à nobreza valores de caráter moralizante, como podemos observar nos versos:
“...E então toda a repulsa
transformou-se de repente
o rei chamou-o pra mesa
como homem competente
consigo, dizia João:
na hora da refeição
vou ensinar esta gente.“
E, continua sua lição nos versos que se seguem:
“...Eu estando esfarrapado
ia comer na cozinha
mas como troquei de roupa
como junto com a rainha
vejo nisto um grande ultraje
homenageiam meu traje
e não a pessoa minha....”
Esse “tal” João Grilo é a imagem do anti-herói como, Pedro Malazartes, João Malasarte e Pedro Quengo, personagens também abordadas pelos poetas João Martins de Athayde, Paulo Nunes Batista e Antônio Pauferro da Silva, com As perguntas do Rei e as respostas de João Grilo, dentre outros.
João Ferreira de Lima publicou poucos títulos, mas de grande qualidade e influenciou uma séria de grande autores com o seu João Grilo. Faleceu em Bezerros, em 1973.
Leia na íntegra o folheto:
(*) LIMA, João Ferreira de. Discussão de dois poetas, Antônio da Cruz com José Cajarana. [S.l.: s.n., 19--]. 8 p.
Disponível em: http://www.cnfcp.gov.br - Base de Dados > Acervos > C0193 e,
A partir destes links ou qualquer outro, você navega em toda a CORDELTECA - Memória da Literatura de Cordel, da Biblioteca Amadeu Amaral, do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/CNFCP/Iphan/MinC.
LIMA, João Ferreira de. As proezas de João Grilo. Fortaleza: Tupynanquim, 2001. 32 p.
Disponível em: http://www.cnfcp.gov.br - Base de Dados > Acervos > C5266.
A partir destes links ou qualquer outro, você navega em toda a CORDELTECA - Memória da Literatura de Cordel, da Biblioteca Amadeu Amaral, do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/CNFCP/Iphan/MinC.
BOAS PESQUISAS
Rosário Pinto
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Conheço Pedro Malazarte, desde menina, nos livros lá de casa, e só vim conhecer João Grilo apresentado por Suassuna, no Alto da Compadecida.
ResponderExcluirGostei de ler a biografia de João Ferreira Lima, quanta riqueza, num simples homem.
Bom feriado, Rosário
Um cheiro