Salgueiro 2012
(Cheio de poesia, imaginação e encantamento)
Minha "fia", meu senhor
Deixa eu me apresentar
Sou poeta e meu valor
Vai na avenida passar
Basta imaginação
Um "cadim" de inspiração
Que eu começo a versar
Vou cantar a minha arte
Que nasceu bem lá distante
Num lugar que hoje é parte
Da nossa origem errante
Vim das bandas da Europa
Nas feiras, a boa trova
Era demais importante!
Foi assim que o mar cruzei
Na barca da encantaria
Chegou por aqui um Rei
Com bravura e poesia
Carlos Magno e o os doze pares
Desfilando pelos mares
Da mais real fidalguia
E veio toda a nobreza
Que um dia eu imaginei
Rainha, duque, princesa
E até quem eu não chamei:
Um medonho de um dragão
Irreal assombração
Dessa corte que eu sonhei
Também tem causo famoso
Que nasceu lá no Oriente
De um tal misterioso
Pavão alado imponente
Que cruza o céu de relance
Dois jovens, e um só romance
Vencendo o Conde inclemente
Todas essas histórias
Renasceram no sertão
Onde vive na memória
O eterno Lampião
E não houve um brasileiro
Que de Antônio Conselheiro
Não tivesse informação
Pra viajar no meu verso
É preciso ter "corage"
Vai que um bicho perverso
Surge que nem "visage"?
Nas matas sertão afora
Lobisomem, caipora
Que medo dessas "image"!!
Pra findar esse rebuliço
Rezar é a solução!
Valei-me meu "padim" Ciço!
Vá de retro, tentação!
Nossa Senhora eu não quero
(Tô sendo muito sincero)
Cair nas garras do cão!
E não é que meu santo é forte?
Cheguei ao céu divinal
É tamanha a minha sorte
A minha vitória afinal
É cantar com alegria
Fazer verso todo dia
Na terra do carnaval
Ao ver chegar a tal hora
Da minha "alegre" partida
Saudade, palavra agora
Tem posição garantida
Mas não se avexe meu irmão
Que hoje a coroação
Acontece é na avenida
Pois eles hão de herdar
Todo esse sertão sonhado
Monarcas que vão reinar
Na corte do Sol dourado
Poetas de tradição
Recebam de coração
Um cordel Branco e Encarnado
E agora eu vou sem medo
Fazer festa "de repente"
Vai nascer um samba-enredo
Pra animar toda a gente
Afinal, não sou melhor
Muito menos sou pior
Só um poeta diferente!
*
Renato Lage, Márcia Lage, Departamento Cultural
Fotos: Vicente Almeida e Gustavo Mello
Recebi por e-mail, enviado por Victor Alvim ( O cordelista Lobisomem) que afirma que no sábado dia 18 de junho teremos em nossa plenária na ABLC a Diretoria Cultural do Salgueiro.
Fico muito feliz cada vez que a cultura nordestina é lembrada e divulgada em outras regiões do país. Ser tema do samba enredo de uma escola de samba do Rio de Janeiro é o máximo, então.
ResponderExcluirMas gostaria de fazer duas pequenas obsrvações.
1 - Sei que a função do sambista não é fazer cordel... Eles têm um estilo próprio, mas não dá para engolir versos desmetrificados e a palavra EUROPA rimando com TROVA.
2 - Lindíssima a logomarca da ESCOLA. Vi que usaram xilogravuras de DILA e COSTA LEITE para compor o conjunto. Já que perguntar não ofende, me digam:
- Mestre Dila e José Costa Leite receberam alguma coisa de DIREITO AUTORAL?
Sim, porque o carnaval é um negócio altamente lucrativo, então não custa nada deixar uma ou duas moedas pingarem na cuia do ceguinho cantador de feira.
Fico cada dia dia mais radiante com essa frequente inserção da literatura de cordel no cotidiano da cultura popular brasileira. Independente das métricas - que aos poetas e estudiosos - cabe esclarecer. A questão autoral é de extrema relevancia, como bem indaga nosso Cancão de Fogo. Afinal, é isto : CARNAVAL É UM GRANDE NEGÓCIO! e o poeta de cordel ainda está (financeiramente) em dificuldades. De toda forma, VALEU!!! Renato Lage, Márcia Lage, Departamento Cultural
ResponderExcluirFotos: Vicente Almeida e Gustavo Mello
Obrigada Victor Alvim (Lobisomem) por essa remessa. Estou ESTOURANDO!!!!!
Abraços,
Rosário Pinto
Dalinha Catunda disse...
ResponderExcluirEu gostaria muito de entrar neste "quase" debate mas estou sem tempo para elaborar um bom texto. Com a permissão do meu amigo Allan Sales quero citar parte de um texto dele que eu assinaria embaixo com letras garrafais: "Conheço muito cordel e cordelistas contemporâneos de qualidade, embora reconheça que andei lendo muita bobagem, coisas sem o menor apuro técnico, assim como coisa com apuro técnico isenta de poeticidade, poesia é algo muito além de métrica e rima. O cordel, como tudo neste mundo é contextualizado."
Parabéns ao Salgueiro pela escolha. O que eles mostram é apenas um apiritivo do que poderá vir. Ou alguém acha que no Salgueiro não existe cabeça pensante? Que eles não irão se informar e fazer uma festa como manda o figurino?
Dalinha Catunda
À Diretoria do G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro
ResponderExcluirO meu nome é Sávio Pinheiro, sou médico, cordelista, cearense, e membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Achei o samba-enredo de vocês muito bom, e, apesar, do samba não exigir um perfeccionismo na métrica, achei que fizeram um trabalho de boa qualidade. Com o intuito apenas de contribuir e participar deste momento histórico, ouso sugerir algumas opiniões na letra do samba, sem, em nenhum momento, modificar o seu sentido, em nome desta arte centenária, que é a Literatura de Cordel. Sucesso na organização deste magnífico evento.
Minha filha, meu senhor,
Deixa eu me apresentar
Sou poeta, e o meu valor,
Vai, na avenida, passar
Basta imaginação,
Um pouco de inspiração,
Que eu começo a versejar.
Vou cantar a minha arte,
Que nasceu bem lá distante
Num lugar que hoje é parte
Da nossa origem errante
Vim das bandas da Europa
Nas feiras, trazendo a tropa.
Era demais importante!
Foi assim, que, o mar, cruzei
Na barca da encantaria
Chegou por aqui um Rei
Com bravura e poesia
Carlos Magno e o os doze pares
Desfilando pelos mares
Da mais real fidalguia.
E veio toda a nobreza
Que um dia eu imaginei
Rainha, duque, princesa
E até quem eu não chamei:
Um medonho de um dragão
Irreal assombração
Dessa corte que eu sonhei.
Também tem causo famoso,
Que nasceu lá no Oriente,
De um tal misterioso
Pavão alado imponente,
Que cruza o céu de relance
Dois jovens, e um só romance
Vencendo o Conde inclemente.
E todas essas histórias
Renascem lá no sertão,
Onde vive na memória
O eterno Lampião
E não houve um brasileiro,
Que de Antônio Conselheiro
Não tivesse informação.
Pra viajar no meu verso
É preciso ter coragem
Vai que um bicho perverso
Surge que nem uma imagem
Nas matas, sertão afora,
Lobisomem, caipora,
Que medo dessa visagem.
Pra findar o rebuliço
Rezar é a solução!
Valei-me meu "padim" Ciço!
Vá de retro, tentação!
Nossa Senhora eu não quero
(Tô sendo muito sincero)
Cair nas garras do cão!
E não é que o santo é forte?
Cheguei ao céu divinal
É tamanha a minha sorte
A minha vitória, afinal,
É cantar com alegria
Fazer versos todo dia
Na terra do carnaval.
Ao ver chegar a tal hora
Da minha "alegre" partida
Saudade, palavra agora
Tem posição garantida
Mas não se avexe meu irmão,
Que hoje a coroação
Acontece é na avenida.
Pois eles hão de herdar
Todo esse sertão sonhado
Monarcas que vão reinar
Na corte do Sol dourado
Poetas de tradição
Recebam de coração
Um cordel Branco e Encarnado.
E agora, eu vou sem medo
Fazer festa "de repente".
Vai nascer um samba-enredo
Para animar toda a gente.
Afinal, não sou melhor,
Muito menos o pior,
Sou um poeta diferente!
*
Renato Lage, Márcia Lage, Departamento Cultural
Fotos: Vicente Almeida e Gustavo Mello.
Magnífico, Dalinha, trazer Literatura de Cordel
ResponderExcluirpara a Sapucaí. Salgueirenses,com todos os Cordelistas, de parabéns. Sucesso, com certeza!
Estou na torcida, mesmo sendo portelense rsrs
Beijos
Lúcia