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quinta-feira, 16 de junho de 2011

SÃO JOÃO NA ROÇA

SÃO JOÃO NA ROÇA

As fogueira ta chegando,
Eu to me preparando,
Pro mode dançar mas tu.

Vai ser um desmantelo
Nós dois naquele terreiro,
Na base do anarriê.
Na base do anavantu.

Já comprei teu chapéu de palha,
Tu camisa estampada.
Tua calça tá remendada,
Como manda a tradição.

Encomendei um corte de chita,
Dois laço encarnado de fita,
Quero ser a matuta mais bonita,
Nessa festa de São João.

Vai ser grande a alegria,
Nós dois dançando quadria,
Junto com nossa famia,
Que num arreda pé do sertão.

*
Texto e foto de Dalinha Catunda
Visite: www.cantinhodadalinha.blogspot.com
www.rosarioecordel.blogspot.com

Um comentário:

  1. À Diretoria do G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro

    O meu nome é Sávio Pinheiro, sou médico, cordelista, cearense, e membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Achei o samba-enredo de vocês muito bom, e, apesar, do samba não exigir um perfeccionismo na métrica, achei que fizeram um trabalho de boa qualidade. Com o intuito apenas de contribuir e participar deste momento histórico, ouso sugerir algumas opiniões na letra do samba, sem, em nenhum momento, modificar o seu sentido, em nome desta arte centenária, que é a Literatura de Cordel. Sucesso na organização deste magnífico evento.



    Minha filha, meu senhor,
    Deixa eu me apresentar
    Sou poeta, e o meu valor,
    Vai, na avenida, passar
    Basta imaginação,
    Um pouco de inspiração,
    Que eu começo a versejar.

    Vou cantar a minha arte,
    Que nasceu bem lá distante
    Num lugar que hoje é parte
    Da nossa origem errante
    Vim das bandas da Europa
    Nas feiras, trazendo a tropa.
    Era demais importante!

    Foi assim, que, o mar, cruzei
    Na barca da encantaria
    Chegou por aqui um Rei
    Com bravura e poesia
    Carlos Magno e o os doze pares
    Desfilando pelos mares
    Da mais real fidalguia.

    E veio toda a nobreza
    Que um dia eu imaginei
    Rainha, duque, princesa
    E até quem eu não chamei:
    Um medonho de um dragão
    Irreal assombração
    Dessa corte que eu sonhei.

    Também tem causo famoso,
    Que nasceu lá no Oriente,
    De um tal misterioso
    Pavão alado imponente,
    Que cruza o céu de relance
    Dois jovens, e um só romance
    Vencendo o Conde inclemente.




    E todas essas histórias
    Renascem lá no sertão,
    Onde vive na memória
    O eterno Lampião
    E não houve um brasileiro,
    Que de Antônio Conselheiro
    Não tivesse informação.

    Pra viajar no meu verso
    É preciso ter coragem
    Vai que um bicho perverso
    Surge que nem uma imagem
    Nas matas, sertão afora,
    Lobisomem, caipora,
    Que medo dessa visagem.

    Pra findar o rebuliço
    Rezar é a solução!
    Valei-me meu "padim" Ciço!
    Vá de retro, tentação!
    Nossa Senhora eu não quero
    (Tô sendo muito sincero)
    Cair nas garras do cão!

    E não é que o santo é forte?
    Cheguei ao céu divinal
    É tamanha a minha sorte
    A minha vitória, afinal,
    É cantar com alegria
    Fazer versos todo dia
    Na terra do carnaval.

    Ao ver chegar a tal hora
    Da minha "alegre" partida
    Saudade, palavra agora
    Tem posição garantida
    Mas não se avexe meu irmão,
    Que hoje a coroação
    Acontece é na avenida.

    Pois eles hão de herdar
    Todo esse sertão sonhado
    Monarcas que vão reinar
    Na corte do Sol dourado
    Poetas de tradição
    Recebam de coração
    Um cordel Branco e Encarnado.

    E agora, eu vou sem medo
    Fazer festa "de repente".
    Vai nascer um samba-enredo
    Para animar toda a gente.
    Afinal, não sou melhor,
    Muito menos o pior,
    Sou um poeta diferente!
    *
    Renato Lage, Márcia Lage, Departamento Cultural
    Fotos: Vicente Almeida e Gustavo Mello.

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